08 setembro 2011

Entrevista a Paulo Niemeyer (II)



13-PODER: Você acha que nós somos a última geração que vai envelhecer?

PN: Acho que vamos morrer igual, mas menos vamos envelhecer. As pessoas até morrer bem Irão. É isso que a gente espera. Ninguém quer uma decadência da velhice. Se você puder ir bem de saúde, de aspecto, até o dia da morte, será uma maravilha, não é?

14-PODER: Você não vê contra indicações na manipulação dos processos naturais da vida?

PN: O que é perigoso nesse progresso todo é que, assim como vai criar novas soluções, ele também novos trará problemas. Com a genética por exemplo, você vai fazer um exame de sangue chance e o resultado vai dizer que você tem 70% de ter um câncer de mama. Mas 70% não querem dizer que você vai ter, até porque aquilo é uma tendência. Desenvolver depende do meio em que você vive, se fuma, de muitos outros fatores que Interferem. Isso vai criar um certo pânico. E, além do mais, problemas Pode criar, como uma Companhia de Seguros para reclamar um exame genético para saber como suas tendências. Nós vamos ter problemas daqui para frente que Serão éticos, morais, comportamentais, relacionados a esse conhecimento que vem por aí, e eu acho que vai ser um período muito rico de debates.

15-PODER: Você acredita que na hora em que as pessoas um geneticamente puderem Decidir sua Hereditariedade e todo mundo tiver filhos fortes e lindos, os valores da sociedade vão se inverter e, em vez do belo, como qualidades Serão se uma pessoa é inteligente , se é culta, o que pensa?

PN: Mas aí você vai poder escolher isso também. Esse vai ser o problema: todo mundo vai ser inteligente. Isso vai tirar um pouco do romantismo e da Graça da Vida. Pelo menos diante do que a gente está acostumado. Acho que a vida vai ficar um pouco dura demais, sob certos aspectos. Mas, por outro lado, vai trazer curas e conforto.

16-PODER: Hoje a gente lida com o tempo de uma forma completamente diferente. Você acha que isso muda o Funcionamento cerebral das pessoas?

PN: O cérebro vai se adaptando aos estímulos que recebe como Necessidades, e. Você vê pais reclamando que os filhos não saem da internet, mas eles têm de fazer isso porque o cérebro vai funcionar hoje rapidez nessa. Ele tem de entrar nesse panelinha, porque senão vai ficar para trás. Isso faz parte do mundo em que a gente vive e o cérebro vai correndo atrás, se adaptando.

17-PODER: Paciente famoso dá mais trabalho?

PN: A revista New England Journal of Medicine publicou um artigo sobre as complicações do tratamento vip, mostrando que o perigoso nesse tipo de tratamento é que você muda a sua rotina. Eles deram o exemplo do papa João Paulo 2 º e do ex-presidente norte-americano Ronald Regan, que levaram tiros. E eles mostraram Momentos em que morreram quase porque, quando chega um doente desses, para o hospital, todo mundo quer ver e ajudar, uma sala de cirurgia fica lotada, o cirurgião que deixa de fazer um exame devia ser feito porque pode doer .. . O doente vip acaba influindo nas Decisões Médicas pela Importância que tem, e isso pode complicar o tratamento. Ele tem de ser tratado igualzinho ao doente comum, para poder dar certo.

18-PODER: Já aconteceu de você recomendar um procedimento e a pessoa querer fazer não?

PN: A gente recomenda, mas nunca pode Forçar. Uma coisa é uma ciência, e outra é a medicina. A pessoa, para se sentir viva, tem de ter um mínimo de qualidade. Estar vivo não é só estar respirando. A vida é um conjunto. Há Doentes que preferem abreviar uma vida em Função de ter uma melhor qualidade. De que adianta ficar ali, só para dizer que está = vivo, se o sujeito perde todas as suas referências, suas riquezas emocionais, psíquicas. É muito difícil, tem gente de uma Respeitar muito.

19-PODER: Como é o seu dia-a-dia?

PN: Eu opero de segunda a sábado de manhã, de tarde e não atendo consultório. Na Santa Casa, que é o meu xodó, nós temos 50 leitos, só para pessoas pobres. Eu opero lá duas vezes por semana. E, nos outros dias, na Clínica São Vicente. O que a gente opera mais Aneurismas São os tumores cerebrais e Mac OS. Então, é adrenalina todo dia. Sem a gente desanima ela eo cérebro funciona mal. (risos)

20-PODER: Você é workaholic?

PN: Não é que eu trabalhe muito, a minha vida é aquilo. Quando viajo, fico entediado. Depois de alguns dias voltar, quero. Você perde a sua referência, está acostumado com aquela pressão, aquele elástico esticado.

21-PODER: Como você lida com uma impotência quando um paciente não consegue salvar?

PN: É evidente que depois de alguns anos, a gente aprende a se defender. Mas perder um doente faz mal a um cirurgião. Se acontece, eu paro com o grupo para discutir o que se passou, o que poderia ter melhor Sido, onde foi uma dificuldade. Não é uma coisa pela qual um batido gente passe. Se o cirurgião acha banal perder um paciente é porque alguma coisa não está bem com ele mesmo.

22-PODER: Como você lida com as famílias dos seus pacientes?

PN: Essa relação é muito importante. As famílias vão dar tranquilidade e confiança para fazer o que DEVE ser feito. Não basta o doente não confiar médico. O médico também tem de confiar nenhum doente. E na família. Se é uma família que cria caso, que é brigada entre si, dividida, o cirurgião já não tem a mesma segurança de fazer o que DEVE ser feito. Muitas vezes o doente não tem como opinar, está anestesiado e não meio de uma cirurgia você encontra uma situação inesperada e tem de Decidir por ele. Se tem certeza de que Ele está fechado com você, é uma decisão fácil. Mas se o doente é uma pessoa em quem você não confia, você fica inseguro de Tomar Decisões Certas. É uma relação bilateral, como num casamento. Um doente que ópera você é uma relação para o resto da vida.

23-PODER: Você acredita em Deus?

PN: Não raramente, depois de dez horas de cirurgia, aquele estresse, aquela adrenalina toda, quando você acaba de Operar, vai até a família e diz: "Ele está salvo". Aí, uma família olha pra você e diz: "Graças a Deus!". Então, a gente acredita que apenas nós não fomos.

24-PODER: Como você relaxa?

PN: estudando. A coisa que mais gosto de fazer é ler. Sábado e domingo, depois do almoço, gosto de sentar e ler, ficar sozinho em silêncio absoluto.

25-PODER: E o que gosta de ler?

PN: Sobre Medicina ou História. Agora estou lendo um livro antigo, chamado Bandeirantes e Pioneiros, faça Vianna Moog, no qual ele compara uma colonização dos Estados Unidos com a do Brasil. E por que discute os Estados Unidos, com 100 anos a menos que o Brasil, um Tiveram enriquecimento e um progresso tão rápidos. Por que um país se Desenvolveu em progressão geométrica e o outro em progressão aritmética.

Fonte: Revista Poder
Foto ilustrativa

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